2015-01-27

Luís de Sttau Monteiro em pág1na: o texto desta semana:


O

 

 cavalo é um bicho que tem quatro patas e carroça mas há cavalos que não têm carroça porque fazem corridas e ganham mas quem leva as taças são uns homens pequeninos que andam em cima deles e há os cavalos das touradas e o senhor Francisco que o meu Pai diz que é o maior cavalo que ele alguma vez viu e os cavalos dos cowboys que conhecem os assobios dos donos e salvam-nos quando os índios os estão a matar e o D. Afonso Henriques tinha um cavalo porque os reis andavam a cavalo só os presidentes é que não sabem montar e nas batalhas o rei D. Afonso Henriques ia todo vestido de rei que é um fato de lata e entrava à espadeirada aos inimigos que fugiam dele não sei porquê e o cavalo também é bom para bifes mas a minha Mãe diz sempre que são de vaca porque se não a Vovó não come lá porquê não sei porque come fressura e isso é que eu não comia nem que lhe chamassem lombo de vitela o cavalo tem pelo curto e faz uns pupus que parecem pastéis de bacalhau mas não são e por isso é preciso tomar cuidado porque se uma pessoa se engana pode ficar atrapalhada uma coisa que eu sei é que há uns cavalos que têm o rabo penteado aos quadradinhos esses são da Guarda Republicana que é uma guarda que quando os cavalos morrem corta-lhes os rabos para usar nos chapéus também sei que os cavalos não põem ovos o que é pena porque se pusessem um ovo estrelado ele dava para uma família inteira mas há nos cafés uma coisa que se chama bife com um ovo a cavalo eu sei porque o meu Pai levou-me a comer num café e tinha muito molho e muitas batatas o que tinha era pouco bife os cavalos são mamíferos porque mamam mas não sei onde já espreitei e não as vi se calhar ficam debaixo do selim outras coisas que os cavalos têm é umas palas do lado dos olhos para não verem para o lado se as pessoas também tivessem não viam as montras e as coisas não se vendiam cada vez há menos cavalos e é pena porque eu gosto de os ver fazer pupus como pastéis de bacalhau coisas que os elétricos não fazem eu não sei porque é que me mandaram fazer esta redação de cavalos são lá coisas do diretor da escola que se chama Pires e tem manias mas já está feita só falta um parágrafo para encher o

espaço todo

cá está ele

e mais um

e outro

e mais outro

e acabou-se

 

in Luís de Sttau Monteiro, Redacções da Guidinha, Areal Editores, 2003, pp.29-30

pág1na

 
uma pág1na de um livro;

uma pág1na que sai às quintas-feiras;

uma pág1na para ler durante a semana;

uma pág1na para reler com os amigos;

uma pág1na para levar para casa (se a pedires na Biblioteca);

uma pág1na para redescobrir no livro donde “saiu”;

 
um ponto de partida para uma conversa.
 

Às quartas-feiras, “à hora de almoço” – entre as 12:30 e as 14:00, aparece na Biblioteca, trazendo contigo um exemplar  da pág1na, em papel ou outro suporte de leitura, para, em descontraída tertúlia, partilharmos pontos de vista, experiências vividas ou quaisquer outros assuntos que, de algum modo, tenham nascido da leitura da

pág1na

Amanhã o texto é de Luís de Sttau Monteiro
 
 

2015-01-19

Mistérios da biblioteca

Desafios:
Até 31 de janeiro, descubram quem são os escritores mistério e quais as obras que andam pelas prateleiras da nossa biblioteca:


 
 A: 
Viveu só 31 anos, este poeta português oitocentista. Nasceu e morreu em Lisboa, tendo trabalhado no comércio paterno e publicado artigos e poesias em jornais. Vitimado pela tuberculose, passou uma temporada pelo Lugar d’Além, aqui bem perto, à procura dos ares saudáveis que o curassem.
Mostrou nos seus poemas um grande interesse pelo quotidiano seja o do campo seja o da cidade, pelas pessoas que habitavam esses espaços e que foram objeto da sua observação em textos que muitas vezes parecem quadros pintados. A sua obra foi muito importante para a poesia moderna do século XX. Os seus poemas foram compilados após a sua morte num livro cujo título é o seu nome.
A letra inicial de um dos seus nomes é o V

 B:
Norte-americano, viveu a maior parte da sua vida no século XIX, tendo morrido em 1910. Tipógrafo, jornalista, foi também piloto dos barcos a vapor no rio Mississippi e mineiro, até assentar a sua vida na escrita, em registos de viagens e em conferências.
Os seus principais livros retratam um mundo juvenil, influenciado pela sua própria experiência de vida, bem como criam fortes personagens, como a daquele jovem que faz o que acredita estar certo, mesmo que seja considerado errado por outros.
A letra inicial de um dos seus nomes é o T.
C:
Nasceu em Coimbra, nos anos 60 do século XIX, e morreu em Macau, em 1926, com 58 anos. Licenciado em Direito, interrompeu a carreira de jurista quando se transferiu para Macau, onde, durante três anos, foi professor de Filosofia no Liceu. Volta ao Direito, como conservador do registo predial e, mais tarde, como juiz de comarca.
Doente, vem diversas vezes a Lisboa para tratamentos, tendo sido apresentado, numa dessas deslocações, a Fernando Pessoa, que apreciava a sua poesia publicada em jornais e revistas. Uma compilação do seu trabalho poético foi publicada em 1920 mas o poeta nenhuma intervenção teve nessa edição preparada por amigos. Ficou, assim (embora tenha escrito muitos textos e traduções), autor de uma obra só. Obra definida pelo simbolismo, numa vida marcada pelo mundo oriental, pela doença e pelo uso do ópio.
A letra inicial de um dos seus nomes é o P.
 
 
 


 

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