2011-07-06

dizer poesia: José Régio



Desde que tudo me cansa,
Comecei eu a viver.
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando Deus quiser.

Dantes, ou muito ou pouco,
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara;
Outras, tão pouco,
Que ninguém mais com tal se conformara.

Hoje, é que nada espero.
Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver;
Se quero, é só enquanto apenas quero;
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar. . .
E venha a morte quando Deus quiser.

Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.



José Régio
1901-1969

Poesia II
José Régio
Imprensa Nacional-Casa da Moeda

Sendo um dos mais importantes escritores portugueses do século XX, a obra de José Régio (poesia, teatro, ficção, ensaio) pode ser consultada na biblioteca. Alguns dos seus contos são muito requisitados para os contratos de leitura estabelecidos na disciplina de Português. Uma boa informação biográfica sobre o poeta pode se vista aqui. Outros sites, como este, estão disponíveis na net.

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