O Prémio Nobel da Literatura 2011 foi atribuído, este ano, ao poeta e tradutor sueco Tomas Tranströmer. Segundo a euronews, a Academia sueca anunciou que Tranströmer mereceu o galardão “porque, através das suas imagens condensadas e translúcidas, dá-nos um acesso fresco à realidade”.
Nascido em Estocolmo a 15 de Abril de 1931 foi autor de cerca de 20 livros e traduzido em todo o mundo (em 30 línguas). Publicou aos 23 anos a sua primeira obra “17 dikter” (217 poemas). Em Portugal, Tomas Tranströmer encontra-se presente na coletânea “21 poetas suecos, publicado em 1981 pela editora Veja. É dessa coletânea, a que tivemos acesso através do professor Luís André, que retirámos este poema:
Lisboa
No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas calçadas íngremes.
Havia lá duas cadeias. Uma era para ladrões.
Acenavam através das grades.
Gritavam que lhes tirassem o retrato.
“Mas aqui”, disse o condutor e riu à sucapa como se cortado ao meio,
“aqui estão políticos”. Vi a fachada, a fachada, a fachada
E lá no cimo um homem à janela, tinha um óculo e olhava para o mar.
Roupa branca no azul. Os muros quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa:
“será verdade ou só um sonho meu?”
(Tradução de Vasco Graça Moura)
In Coletânea “21 poetas suecos”, editorial Vega, 1981.
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