O Malhadinhas dá o mote:
“Quando comecei a por vulto no mundo, meus fidalgos, era a porca da vida
outra droga. Todas as semanas contavam dias de guarda e, por cada dia de
guarda, armava-se o sericoté nos terreiros. Não andaria Nosso Senhor de terra
em terra – eu cá nunca me avistei com ele – mas a verdade é que a neve vinha
com os Santos e as cerejas quando largam do ovo os perdigotos. Bebia-se o briol
por canadões de pau até que bonda. Um homem mesmo com os dias cheios tinha pena
de morrer.”
O Malhadinhas, Bertrand Editora, 2007
Aquilino Ribeiro nasce na Beira Alta (em Carregal,
no concelho de Sernancelhe), em 1885 e morre em Lisboa em 1963.
Deixou uma vasta obra em que cultivou todos os
géneros literários, partilhando com Fernando Pessoa, nas palavras de Óscar
Lopes, lugar cimeiro nas Letras Portuguesas.
(…) Em
Setembro de 2007, por votação unânime da Assembleia da República, o seu corpo
foi depositado no Panteão Nacional.
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