Doeu, nesta ausência de
publicação, a perda de dois vultos maiores da literatura portuguesa: Urbano
Tavares Rodrigues e António Ramos Rosa. A estes escritores, profundamente
humanistas, as nossas homenagens.
Urbano Tavares Rodrigues por ele próprio:
"Boa parte da minha obra
é projeção da minha vida. Não no sentido biográfico, mas naquele em
que espelha preocupações, angústias, esperanças, formas de estar no mundo (...)
As minhas grandes opções e as minhas grandes rejeições marcaram inegavelmente o
que escrevi".
"Enfim, eu sou tudo isso:
existencialista, até surrealista, realista social... E onírico"
"Mas, além de tudo isso, sou
eu próprio: um escritor que tentou sempre escrever o seu livro, o seu grande
livro, e achando que ainda não era aquele. Fui sempre escrevendo mais, com a
preocupação de não me repetir"
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http://visao.sapo.pt/urbano-tavares-rodrigues-1923-2013-o-escritor-e-o-cidadao=f746254#ixzz2hX9DpMev
[Não posso adiar o amor para outro século]
Não posso adiar o amor para outro séculonão posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa, O Grito Claro, 1958
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