Os inauditos quartos de final da liga
NOS
Fim de tarde de 21 de dezembro de
2015. O centro de Lisboa vibrava. Era a segunda parte do Sporting x Porto para
as semifinais no Alvalade XXI. O jogo estava empatado a zeros
-Ora aí está
uma oportunidade para o Porto. Jackson Martinez avança pela ala direita, fintou
o defesa, pode cruzar, vai cruzar, cruzameeeeeeeento...!
À mesma
hora, a 4 de junho de 1148, as tropas da Almóada Ibn-el-Muftar tinham-se
preparado, por uma espécie de vingança, para cercar Lixbuna. Centenas, se não
milhares de homens, avançavam ao lado de um rio, uns a cavalo outros a pé, e já
avistavam as muralhas da cidade quando, do nada, se levantaram os adeptos do
Porto das cadeiras. Os soldados viram-se cercados por uma estrutura monstruosa,
apinhada de gente de estranhas e coloridas vestimentas aos gritos, que andava
numa planície de relva verdinha. Todos (árabes, adeptos, jogadores e seguranças
da PROSEGUR) olhavam para tudo aquilo meio pasmados, quase paralisados.
Perguntava-se
Ali-ben-Yusuf, lugar-tenente de Muftar, que raio se passava ali, quando a bola
do cabeceamento de André André lhe acertou em cheio no nariz. Primeiro ficou
tonto, depois caiu esticado no chão.
Logo após o
ataque ao seu tenente, Muftar deu ordens aos seus seguidores, que partiram, a
correr ou a cavalo, pelo campo de alfange em riste e dando gritos de guerra.
Com isto, os
adeptos, cumprindo a tradição, invadiram também o relvado, atirando camisolas
ao ar e entoando cânticos leoninos e tripeiros muito bonitos. O único que não
reagia era o brioso e experiente segurança-líder Gilberto, que ali estava a ver
navios. Só quando levou um encontrão de um espetador que cambaleara bancada
abaixo é que acordou e se lembrou que tinha de fazer alguma coisa. Pegou no
rádio e comunicou aos colegas a ocorrência. Sem obter resposta, mudou a
frequência e reportou o incidente à Polícia de Intervenção. Os agentes deram o
último gole na cerveja e lá se puseram a milhas pela 2ª circular até ao
estádio.
Chegando, rapidamente entraram no
campo, todos equipados. O sargento Manuel Ribeiro foi o primeiro, e, com a sua
alta capacidade de resolver este tipo de problemas, logo se escondeu atrás do
banco do visitante. Os outros lá foram à bastonada a tudo e todos, sem grande
resultado.
Ibn-el-Muftar avançava a cavalo para
atacar um portista quando avistou Islam Slimani, ponta de lança do Sporting.
-“Que o meu pai não seja Muftar se
aquele homem não é igualzinho a mim” – pensou o árabe.
Será um grande líder da baliza descendente
de um outrora grande líder militar? Isso nunca se soube, visto que entretanto
Clio acordou, desfez o nó e borrifou todos os participantes neste episódio com
água do rio Letes. Assim, nem os árabes atacaram Lixbuna nem os adeptos e os
polícias souberam o que faziam no meio do relvado nem o sargento Ribeiro soube
o que fazia no banco de Lotopegui, ou Lopetegui. Quanto ao jogo, esse foi
adiado por tempo indefinido, para que fosse limpo o estádio de Alvalade depois
daquela confusão.
João Simões, n.º 21, 8ºD
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