A ESCRITA
No Palácio Mocenigo onde viveu sozinho Lord Byron usava as grandes salas Para ver a solidão espelho por espelho E a beleza das portas quando ninguém passava
Escutava os rumores marinhos do silêncio E o eco perdido de passos num corredor longínquo Amava o liso brilhar do chão polido E os tectos altos onde se enrolam as sombras E embora se sentasse numa só cadeira Gostava de olhar vazias as cadeiras
Sem dúvida ninguém precisa de tanto espaço vital Mas a escrita exige solidões e desertos E coisas que se vêem como quem vê outra coisa
Pudemos imaginá-lo sentado à sua mesa Imaginar o alto pescoço espesso A camisa aberta e branca O branco do papel as aranhas da escrita E a luz da vela – como em certos quadros – Tornando tudo atento
Andresen, Sophia de Mello Breyner – Obra poética. Ilhas. Lisboa: Caminho, 2004, p.54 (cota na BESC: 821.134.3-1 AND ILH)
O Plano Nacional de Leitura 2017-2027 (PNL2027) e os CTT - Correios de Portugal, S.A. (CTT), com intenção de incentivar o gosto pela leitura e pela escrita de poesia, celebram o Dia Mundial da Poesia,com o concurso Faça lá um poema, aberto a todos os alunos do 3.º ciclo e do secundário. A participação é livre e individual e recebemos na biblioteca ou por mail os poemas que queiram apresentar a concurso até dia 15 de dezembro para depois selecionarmos três por ciclo e os submetermos ao concurso. Podem ler o regulamento aqui . Participem e leiam poesia.
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