2021-03-15

dos contágios, Fernando Assis Pacheco


Fernando Assis Pacheco (1937-1995), poeta com a sua obra publicada em Musa irregular (ASA, 1991, 1996, 2.ªed) e no livro póstumo Respiração assistida (Assírio e Alvim, 2003), refere a pneumónica no seu romance Trabalhos e paixões de Benito Prada, um dos poucos romances portugueses onde se aborda a pandemia que grassou em Portugal em 1918-1919:

Nas férias da Páscoa a Tuna Académica de Coimbra foi tocar à Galiza, onde também morria gente com a pneumónica. Um tocador de bandolim veio doente, e porque o hospital estivesse cheio internaram-no numa enfermaria militar, mas durou dois dias e depois dele morreu o porta-estandarte, cujo pai, anti-sidonista, culpou as autoridades da cidade por não lerem com olhos de ler a portaria da Câmara de Lisboa que mandava queimar barricas de alcatrão nas ruas.

Fernando Assis Pacheco, Trabalhos e paixões de Benito Prada, Porto: ASA, 1993, p.103

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