Carlo Rovelli, A
Realidade Não é o que Parece. A
natureza alucinante do Universo.
Lisboa: Contraponto Editores, 2019 ‧ ISBN: 9789896661977
A Realidade Não É o que Parece de Carlo Rovelli, da editora Contraponto é uma obra,
organizada em quatro partes e treze capítulos, que, mais que resumir, conta e
explica a evolução da Física teórica até à atualidade.
Esta exposição começa na primeiríssima noção de átomo,
pensada por Demócrito, e conclui-se com o conceito de informação e a sua
presença na Física Quântica, explorando ao longo das páginas os conhecimentos
da Física Clássica, as Teorias da Relatividade restrita e geral, a Teoria
dos Quanta e de tudo um pouco o que já se soube ou pensa-se estar
descoberto sobre o Universo.
Sendo, na minha opinião, os capítulos que retratam o
pensamento e trabalho de Einstein (nomeadamente o terceiro capítulo dedicado a
esta personalidade) e o difícil processo de conjugar a Teoria da
Relatividade geral com os Quanta (problema base da terceira parte da
obra) os mais interessantes, pelo facto de estes conhecimentos aparentarem ser
contraditórios e até paradoxais, mas ambos se confirmarem nos cálculos.
Rovelli, com uma linguagem bastante acessível que é
complementada por imagens e esquemas, conta-nos ainda alguns aspetos do
pensamento dos grandes cientistas (Newton, Dirac ,Hawking, entre muitos
outros), não deixando de incluir as suas dúvidas e negações, explica tudo o que
foi referido anteriormente através da sua visão e, em certos casos, opinião,
recorrendo a uma escrita quase poética, humorística e interpelando o leitor.
Pois, como nos dá a conhecer no fim do livro, o seu
“sonho mais belo é que alguém, entre os mais jovens leitores deste livro” possa
ir navegar este “vasto mundo ainda todo por esclarecer”.
Esta escrita única e ubíqua em toda a obra, que relaciona
até a Física como ciência com a Filosofia e a Literatura, dando crédito a estes
domínios de algumas das primeiras abordagens de realidades atuais, torna, a meu
ver, cada conhecimento e descoberta mais fascinante, sendo esta a principal
razão porque escolhi esta obra. Pois como o próprio autor nos diz: “a nossa
cultura, que tem a Ciência e a Poesia separadas, é pateta porque se torna míope
perante a beleza e complexidade do mundo, que ambas revelam”.
E este aspeto, juntamente com o facto de, em linha com o
título, ao longo da obra se destruírem, como os conhecemos e para depois se
reescreverem, conceitos como o tempo e o próprio espaço são o que torna este
livro mais que digno de ser lido, pois constituem uma forma, mais uma vez,
unicamente fascinante de ler a evolução da Ciência para uma realidade sem os
conceitos tradicionais anteriormente referidos e formada por minúsculos Quanta
de matéria que se relacionam e são, ao contrário do que a nossa intuição
nos diz, finitos.
Recensão realizada no âmbito do projeto Ler Ciência, uma parceria entre a disciplina de Física do 12.º ano (turma CT3) e a biblioteca
Sem comentários:
Enviar um comentário