2011-09-23

Manuel da Fonseca 100 anos


Manuel da Fonseca nasceu em Santiago do Cacém no dia 15 de outubro de 1911 e morreu em 1993. Escritor do neo-realismo, muitas das suas obras podem ser lidas na biblioteca ou em casa, por empréstimo.
No âmbito das comemorações do centenário de Manuel da Fonseca realiza-se, de 7 a 9 de outubro, na Faculdade de Letras de Lisboa, no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira e em Santiago do Cacém, o Congresso Internacional "Por Todas as Estradas do Mundo" para o qual é possível efetuar uma inscrição aqui (hoje é o último dia).
Voltaremos a Manuel da Fonseca mais vezes durante este ano mas não queremos deixar de salientar a apresentação do escritor feita pela Escola Secundária de Manuel da Fonseca (de Santiago do Cacém), nomeadamente para os vídeos com uma entrevista dada nos anos 90.

2011-09-16

Começar


Começamos. 
Bem vindos à escola (e à sua biblioteca).
A imagem aqui ao lado é a de uma figura de convite, tipologia muito utilizada na produção de azulejos, nomeadamente no período joanino (referente ao reinado de João V,1707-1750).
Como este simpático cavalheiro, também nós, na Biblioteca, vos convidamos a frequentar este lugar, a estudar nas nossas mesas, a requisitar livros para ler em casa.
Passem por cá. ocupem o espaço.
 Foto da Escola do 1ª Ciclo nº 68, Rua Penha de França, Lisboa retirada daqui

2011-09-07

dizer poesia Alberto Caeiro



Quando vier a primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro
1889-1915
Poesia
Alberto Caeiro; edição Fernando Cabral Martins, Richard Zenith
Assírio & Alvim

Iniciamos este ano letivo com o último dos 15 poemas propostos pela RTP2 no programa Um poema por semana que apresentámos aqui. Se só agora contactam com o nosso blogue, oiçam os outros poemas e vejam se este nosso/vosso blogue vos agrada. Deem-nos ideias e sugestões. Alberto Caeiro («o meu mestre Caeiro» como escreveu Álvaro de Campos, num texto onde afirma que nunca o viu triste) é um dos heterónimos de Fernando Pessoa.
Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, em 1889 e morreu em 1915, mas viveu quase toda a sua vida no campo, com uma tia-avó idosa, porque tinha ficado órfão de pais cedo. Era louro, de olhos azuis. Como educação, apenas tinha tirado a instrução primária e não tinha profissão.Como surgiu este heterónimo? Conta o próprio Fernando Pessoa que “se lembrou um dia de fazer uma partida a Sá-Carneiro — de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada, e apresentar-lho, já me não lembro como, em qualquer espécie de realidade. Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira — foi em 8 de Março de 1914 — acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. Desculpe-me o absurdo da frase: aparecera em mim o meu mestre. Foi essa a sensação imediata que tive.”
Quando Fernando Pessoa escreve em nome de Caeiro, diz que o faz “por pura e inesperada inspiração, sem saber ou sequer calcular que iria escrever.”


Fonte: Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935, in Correspondência 1923-1935, ed. Manuela Parreira da Silva, Lisboa, Assírio & Alvim, 1999.

Para mais informações consultar o site da Casa Fernando Pessoa.