2011-06-21

a biblioteca nos exames

Foi assim: na primeira chamada do exame de Língua Portuguesa do 9.º ano, a leitura aparece logo no I Grupo, com um exercício que se aproxima muito da atividade que costumamos desenvolver com os alunos do 7.ºano e que passa por os alunos descobrirem as primeiras frases de um livro:

Grandes primeiras frases
Conseguir prender o leitor desde a linha inicial de um livro é uma arte difícil. Eis oito
exemplos de mestria.
Mas o melhor está no fim, na pergunta de desenvolvimento do GRUPO III:

Para muitas pessoas, a leitura é fonte de prazer, de conhecimento, de novas experiências. Para outras, porém, não tem tanto valor.
Partindo da tua experiência, escreve um texto que pudesse ser divulgado no jornal de uma biblioteca escolar, no qual expresses uma opinião favorável à leitura, tentando convencer outros jovens a ler cada vez mais.


Como gostaríamos de conhecer alguns dos textos que se produziram e de divulgá-los à população escolar!
E como sentimos que todos os alunos do 9.º ano da nossa escola que tiveram uma intervenção efetiva na biblioteca durante este ano (aqui ou aqui por exemplo) ficaram particularmente bem preparados para responder a esta questão!
É de referir, também, nas actividades com a biblioteca, a participação dos alunos do 8.º ano no Concurso Nacional de Leitura e na   leitura, orientada na sala de aula, da obra A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho de Mário de Carvalho, culminando na vinda do escritor à escola. Podemos (re)ver aqui 
 
Este exame do 9.ºano mostra-se, assim, como um reforço do convite para uma cada vez maior participação dos professores e dos alunos na sua biblioteca. Podemos continuar a acordar nessa.

2011-06-19

Neste primeiro aniversário sobre a morte de José Saramago, a nossa homenagem ao

grande escritor universal


2011-06-17

dizer poesia: David Mourão-Ferreira



E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos 

David Mourão-Ferreira
1927-1996
Obra Poética 1948-1988

David Mourão-Ferreira
Editorial Presença 

 

David Mourão-Ferreira foi um importante escritor do século XX. Mais conhecido pela sua poesia (alguns dos seus poemas foram cantados por Amália Rodrigues), David Mourão-Ferreira também escreveu obras em prosa, tendo sido também professor e ensaísta. Alguns dos seus livros podem ser consultados e requisitados na Biblioteca. Mais poemas para ler já por exemplo aqui ou aqui

2011-06-10

dizer poesia Sá de Miranda



O sol é grande, caem co'a calma as aves,
do tempo em tal sazão, que sói ser fria;
esta água que d'alto cai acordar-m'-ia
do sono não, mas de cuidados graves.

Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,
qual é tal coração qu'em vós confia?
Passam os tempos vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.

Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d'amores.

Tudo é seco e mudo; e, de mestura,
também mudando-m'eu fiz doutras cores:
e tudo o mais renova, isto é sem cura!


Sá de Miranda
1481-1558

Obras Completas - volume I
Francisco de Sá de Miranda; texto fixado, notas e prefácio de Rodrigues Lapa
Livraria Sá da Costa Editora

Nascido em Coimbra, Sá de Miranda é um dos importantes poetas quinhentistas, sendo considerado o responsável por, depois de uma viagem a Itália, ter, no retorno dessa viagem em 1526, trazido para Portugal «o soneto, a canção, a sextina, as composições em tercetos e em oitavas e os versos de dez sílabas», afirmando, assim, um gosto mais classicista que se começa a evidenciar na corte portuguesa. Contemporâneo de Gil Vicente, Sá de Miranda também tem obra teatral, nomeadamente as comédias Vilhalpandos e Estrangeiros.
Uma importante informação sobre todos os autores de teatro do século XVI, nomeadamente, os textos de teatro, pode ser lida na base de dados do teatro quinhentista do Centro de Estudos de Teatro.

2011-06-05

dizer poesia Cesário Verde


Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.
Batem os carros d'aluguer, ao fundo,
Levando à via férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!
Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.
Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos;
Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.
E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado!
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!
E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinir de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.
Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!
Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.
Vem sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.
Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera focos de infecção!
 
Cesário Verde
1855-1886

O Livro de Cesário Verde
posfácio e fixação do texto: António Barahona
Assírio & Alvim

Estudado principalmente pelos alunos de Português do 11.º ano, Cesário Verde é o nosso grande poeta do final do século XIX. Quem o lê com atenção apercebe-se da beleza daquelas palavras e da mensagem que elas transportam. Cesário, que viveu no Lugar d'Além por algum tempo e que se refere a Caneças numa carta, naquele que é um depoimento muito interessante sobre a Caneças do século XIX merece ser descoberto. Na biblioteca encontra-se a sua obra completa. Na net pode ser encontrado aqui entre muitos outros locais. Ler mais poemas aqui.

2011-06-02

Otelo em Caneças



Por iniciativa do grupo de História, o coronel Otelo Saraiva de Carvalho esteve na nossa escola, tendo dado o seu testemunho sobre o 25 de Abril a alunos do 9.º e 12.º anos na biblioteca.
À fluidez e clareza de Otelo responderam a atenção e interesse dos nossos alunos. E, claro, a gratidão da biblioteca por poder receber no seu espaço aquele que comandou o processo que nos trouxe a liberdade. 

acordo ortográfico

A biblioteca com o grupo de Português e o arranjo gráfico do professor Antero Valério já preparou os materiais para a divulgação do acordo ortográfico. As regras e atividades podem ser vistas no site da escola. A seguir mostramos os nossos cartazes síntese enriquecidos pelos famosos bonecos do Antero.