Mário de Sá-Carneiro

 

Comemoramos, hoje, o aniversário do nascimento de Mário Sá-Carneiro (19 de maio de 1890). Na biblioteca podem requisitar-se algumas das suas obras A Confissão de Lúcio; A Loucura; Céu em Fogo; Cartas de Mário de Sá-Carneiro a Fernando Pessoa, estando, também, disponíveis vários exemplares de seleção de poesia do autor.

 

O RECREIO

 

Na minh'Alma há um balouço

Que está sempre a balouçar -

Balouço à beira dum poço,

Bem difícil de montar...

 

- E um menino de bibe

Sobre ele sempre a brincar...

 

Se a corda se parte um dia,

(E já vai estando esgarçada),

Era uma vez a folia:

Morre a criança afogada...

 

- Cá por mim não mudo a corda

Seria grande estopada...

 

Se o indez morre, deixá-lo...

Mais vale morrer de bibe

Que de casaca... Deixá-lo

Balouçar-se enquanto vive...

 

-Mudar a corda era fácil...

Tal ideia nunca tive...

                    Paris - outubro 1915

(in: Mário de Sá Carneiro, Poemas Completos. Assírio & Alvim, 2005: p. 113)