2019-03-12

Semana da Leitura - Ler ciência

Há já alguns anos que fazemos coincidir a semana da leitura com as recensões de livros científicos ou de divulgação científica realizadas pelos alunos de Física do 12.º ano e apresentadas na biblioteca, este ano, hoje. Também costumamos apresentar alguns desses trabalhos no nosso blogue. Que se seguem a seguir.



Alan Lightman, Os Sonhos de Einstein,  Edições Asa, 1994


Albert Einstein foi um dos físicos mais emblemáticos de toda a História da Humanidade. Criou a famosa Teoria da Relatividade, mudando para  sempre a física que até aí se conhecia. Neste livro são retratados, como se pode adivinhar, os seus sonhos: sonhos sobre a concenção do tempo e a as implicações que essas várias conceções têm na realidade. Cada capítulo traz-nos um novo dia, um novo sonho, uma nova conceção, uma outra história recheada de exemplos que ajudam o leitor a entender o que é o tempo.
            Em primeiro lugar, devo referir que todos estes sonhos são obra da imaginação do autor Alan Lightman. Quer o cientista tenha tido ou não estes sonhos já é outra história, não existe pelo menos algum facto no livro que nos prove esse facto. De seguida, devo também mencionar que o livro não é uma abordagem científica sobre o que é o tempo. Apenas apresenta ao leitor várias situações que poderiam, ou podem, ser a realidade do tempo. Todos estes exemplos que o autor nos dá não chegam a ser comparados com a teoria da relativade, a teoria que Einstein propôs a representar a realidade, mas em vários destes sonhos podemos ver retratados desta teoria, que poderão ser muito bem como o físico chegou à sua resposta. Apesar de tudo isto, para além do seu caráter teórico, acho que a obra nos apresenta bastante a realidade filosófica sobre o que era viver em certas situações. A obra brilha mais no seu carácter filosófico, onde questiona as várias conceções do tempo e o porquê de não funcionarem, a ligação da vida com o tempo e qual a relação entre as duas, algo que obriga o leitor a pensar.
            O que mais me impressionou nesta obra foram as mensagens do autor sobre a nossa maneira de viver, sobre a obsessão com o tempo, sobre a forma como vivemos as nossas vidas. É uma sorte vivermos, porquê desperdiçar tempo a pensar no tempo, a correr para poupar uns segundos que não importarão. Se calhar tudo isso está determinado, por isso, tudo o que fazemos não tem significado, mas acabamos por fazê-lo na mesma, porque não sabemos que estamos determinados. A obra ajuda o leitor a pensar de mente aberta, sem rejeitar as várias hipóteses que apresenta, de forma otimista.
Em termos de escrita, o autor faz uso de uma escrita simples, poética até, mas exageradamente descritiva e exemplificativa. Sem dúvida, todos os sonhos necessitam de um, talvez mais exemplos para o leitor entender a sua aplicação numa vida real. Contudo, as extensas descrições não ajudam o leitor a concentrar-se no que é mais importante e muitas vezes os repetitivos exemplos criam uma monotonia que deixaram, pelo menos a mim, perder algum interesse em certas partes da obra. Esta tendência para o exagero de exemplos não se traduz às vezes pela quantidade de exemplos mas pela extensão de alguns e aí dar-se-á o problema contrário, é possível que, apenas com um exemplo, mesmo que extenso, não se consiga perceber a conceção do tempo aí descrita.
Por último, faço menção ao que penso ser, uma parte não essencial da obra. Claro, percebo a função, mas poderia aparecer num diferente contexto, um não tão forçado. Refiro-me à presença dos interlúdios, onde o autor fala um pouco sobre a vida de Einstein, ainda novo, na presença de um seu amigo, Besso. Nestes capítulos, nada de interessante ou novo nos é apresentado, apenas uma fatia da vida de Einstein, na altura em que criou a sua teoria do tempo, daí a sua aparição, mas que de qualquer forma, poderia aparecer com um pouco de criatividade, talvez envolvendo o cientista na história em si.
Em conclusão, Alan Lightman liga, através dos sonhos de um grande cientista, teorias sobre a conceção do tempo à filosofia de vida e à realidade em si nesta interessante e bem escrita obra. O livro ajuda o leitor a entender uma fração de uma das teorias mais famosas de todos os tempos, a teoria da relatividade, mesmo que o faça de forma dificilmente percetível para quem a conhece.
Diogo Cardoso
 





L. Sprague De Camp, Máquinas e Motores, Editorial VERBO

“Máquinas e Motores”, é uma obra escrita por L. Sprague de Camp e traduzida por Rodrigo Machado. Esta obra foi escrita na década de 60 e trata o assunto dos motores, ou seja, as máquinas que fazem com que a humanidade evolua.
Neste livro é abordada numa fase inicial, um pouco da história das primeiras máquinas e uma explicação do funcionamento destas. Após isto, são abordados por ordem cronológica de desenvolvimento os diferentes tipos de motores e é apresentada uma explicação detalhada das suas partes constituintes bem como do seu funcionamento. São também referidas as diferentes utilizações para as quais foram e são empregues até hoje estes motores e até alguns que mesmo na atualidade ainda não se encontram muito estudados.
Devido à sua idade, previsivelmente este já não é um livro muito atualizado, porém possui muita informação que é útil para compreendermos as máquinas de hoje em dia, como alguns conceitos que permaneceram imutáveis ao longo destes anos.
 João Martins

Pedro G. Ferreira, Uma Teoria Perfeita, Editorial Presença, 2014

 A teoria da relatividade ganhou vida própria e ao longo do século XX foi motivo de alegria e frustração no seio da comunidade científica, e esteve no centro das mais importantes batalhas intelectuais.
 Compreender a teoria da relatividade de Einstein é a chave para se compreender a origem do tempo e a evolução do universo. A relatividade geral está no centro de grande parte da investigação de Pedro Ferreira.
Com o tempo, o autor foi-se apercebendo de que a própria história da relatividade geral é uma narrativa fascinante na qual o seu percurso tão rico e cheio de descobertas e vicissitude se pode encontrar em Uma Teoria Perfeita. E assim surgiu esta biografia da relatividade geral, que conta a sua história magnífica e abrangente a qual não se restringe apenas ao meio científico e académico, mas igualmente ao público em geral.
João Fernandes

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