2012-10-21

Homenagem a Manuel António Pina



 «Inventão, conta uma história,
Inventa uma aventura qualquer.
– A verdade é tão ilusória!
– Só em histórias se pode crer!
Conta a do Rei Ninguém, a da Rainha Nenhuma,
a do Capitão, a do Ladrão, qualquer uma!
.
Era uma vez um Rei…
(A do rei era bonita mas não a sei!)
Era uma vez uma Rainha…
(A da Rainha é tão pequenina!)
Era uma vez um Gigante…
(A do Gigante é tão grande!)
Era uma vez um Português & um Chinês…
(Não me façam contar a do Chinês outra vez!)
Era uma vez uma Cabra…
(A da Cabra nunca mais acaba!)
Era uma vez um Animal…
(A do Animal acaba tão mal!)
Que história contarei?
Tem que ser uma história que eu saiba,
Que não seja muito pequena mas que caiba,
Uma história simples (a da Fada é tão complicada!)
Que acabe bem
E se possível que comece bem também.
Tinha pensado na história do Cão…
Mas a história do Cão é tão! (…)» 
Manuel António Pina, ”Anão Anão & Assim Assim” in O Inventão (1987)

A nossa homenagem ao cidadão e ao escritor Manuel António Pina que partiu e deixou de nos oferecer novas palavras. Pela sua vasta obra, que inclui poesia, crónica, ensaio, literatura infantil ... foi em 2011 galardoado com o Prémio Camões. A este respeito, quando soube da atribuição do prémio, terá dito: “É a coisa mais inesperada que podia esperar”. Também nós não esperávamos o seu adeus mas tal como dizia Steinbeck "....uma pessoa só morre verdadeiramente quando a sua memória se apaga...". Conservaremos as tuas palavras escritas e ditas:


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