2020-03-20

Poemas da emergência 5 - Luís Filipe de Castro Mendes

A um desafio de António Carlos Cortez vários escritores têm estado a escrever, e a colocar no facebook, poemas e letras de fados que refletem o momento que estamos a viver. Alguns dos textos desta desgarrada poética que estamos a partilhar no nosso blogue podem carecer de revisão, mas merecem leitura desde já.
Boas leituras com estes fados do tempo de hoje.






FADO DAS AVENIDAS NOVAS

Ao meu amor vou dar provas,
se estamos de quarentena:
nós nas Avenidas Novas
não somos gente pequena!

Sem um cão pra passear,
sem vontade de correr,
onde havemos de mostrar
nossas ganas de viver?
Nem o cozido do Nobre,
nem a sopa do Milú:
comemos ração de pobre
no bairro do "lá vem um".
Não vai ninguém pela rua,
a avenida é deserta.
Ponho a minha mão na tua
e é sempre uma conta certa.
Conta certa com a vida
e o amor não se arrepende.
Põe na minha mão perdida
o amor que tens na mente.
Amor é coisa mental
que no corpo sabe bem.
À janela vejo mal
a rua onde vai ninguém.
Mas tu enches avenidas
com o calor do teu peito
e o fundo das nossas vidas
é o teu olhar perfeito.

Luís Filipe de Castro Mendes

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