2020-07-07

Ler Ciência Carlo Rovelli








 
Carlo Rovelli,  A Realidade Não é o que Parece. A natureza alucinante do Universo
Lisboa: Contraponto Editores, 2019    ISBN: 9789896661977  

A Realidade Não É o que Parece de Carlo Rovelli, da editora Contraponto é uma obra, organizada em quatro partes e treze capítulos, que, mais que resumir, conta e explica a evolução da Física teórica até à atualidade.
Esta exposição começa na primeiríssima noção de átomo, pensada por Demócrito, e conclui-se com o conceito de informação e a sua presença na Física Quântica, explorando ao longo das páginas os conhecimentos da Física Clássica, as Teorias da Relatividade restrita e geral, a Teoria dos Quanta e de tudo um pouco o que já se soube ou pensa-se estar descoberto sobre o Universo.
Sendo, na minha opinião, os capítulos que retratam o pensamento e trabalho de Einstein (nomeadamente o terceiro capítulo dedicado a esta personalidade) e o difícil processo de conjugar a Teoria da Relatividade geral com os Quanta (problema base da terceira parte da obra) os mais interessantes, pelo facto de estes conhecimentos aparentarem ser contraditórios e até paradoxais, mas ambos se confirmarem nos cálculos.
Rovelli, com uma linguagem bastante acessível que é complementada por imagens e esquemas, conta-nos ainda alguns aspetos do pensamento dos grandes cientistas (Newton, Dirac ,Hawking, entre muitos outros), não deixando de incluir as suas dúvidas e negações, explica tudo o que foi referido anteriormente através da sua visão e, em certos casos, opinião, recorrendo a uma escrita quase poética, humorística e interpelando o leitor.
Pois, como nos dá a conhecer no fim do livro, o seu “sonho mais belo é que alguém, entre os mais jovens leitores deste livro” possa ir navegar este “vasto mundo ainda todo por esclarecer”.
Esta escrita única e ubíqua em toda a obra, que relaciona até a Física como ciência com a Filosofia e a Literatura, dando crédito a estes domínios de algumas das primeiras abordagens de realidades atuais, torna, a meu ver, cada conhecimento e descoberta mais fascinante, sendo esta a principal razão porque escolhi esta obra. Pois como o próprio autor nos diz: “a nossa cultura, que tem a Ciência e a Poesia separadas, é pateta porque se torna míope perante a beleza e complexidade do mundo, que ambas revelam”.
E este aspeto, juntamente com o facto de, em linha com o título, ao longo da obra se destruírem, como os conhecemos e para depois se reescreverem, conceitos como o tempo e o próprio espaço são o que torna este livro mais que digno de ser lido, pois constituem uma forma, mais uma vez, unicamente fascinante de ler a evolução da Ciência para uma realidade sem os conceitos tradicionais anteriormente referidos e formada por minúsculos Quanta de matéria que se relacionam e são, ao contrário do que a nossa intuição nos diz, finitos.

Joana Rita Cruz


Recensão realizada no âmbito do projeto Ler Ciência, uma parceria entre a disciplina de  Física do 12.º ano (turma CT3) e a biblioteca

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