Ruínas
A lua quebra os seus espelhos nas ruínas enquanto Beirute faz muletas de sangue e cinzas e coxeia com elas.
É verdade. O céu tem correntes à volta dos pés, e as estrelas têm adagas presas na cintura.
O dia esfrega os olhos sem acreditar no que vê.
Chora, Beirute, limpa as tuas lágrimas com o lenço do horizonte. Escreveste de novo ao céu, mas estavas errada e agora os teus erros escrevem-te.
Não tens outro alfabeto?
Adonis, O arco-íris do instante antologia poética, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2016, p .95
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