2016-03-04

inauditas versões da inaudita guerra - Um futuro sombrio

Resultado de um trabalho proposto pelas professoras de Português aos alunos do 8.ºano sobre o conto de Mário de Carvalho A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho, apresentamos mais textos, desta vez, de alunos da turma D:




Um futuro sombrio



Era apenas um dia normal na vida de marginal que José levava... Acordou tarde, vestiu a roupa mais reles que encontrou, puxou as calças o mais que pôde e seguiu para a cozinha, onde a mãe se encontrava. A D. Alzira perdera o marido tinha o Zé dois anos e, desde então, bebia cada vez mais e mais, sendo, portanto, uma pessoa muito instável. Mas voltando ao José, entrou na cozinha sem dirigir uma palavra à sua mãe, que lhe disse:

-Já viste as horas que são, José? Que mal fiz eu para ter um filho que não passa do oitavo ano?!

-Mãe, não me maces! Não estou para isso...- retribuiu ele, virando-lhe as costas e fazendo com que a porta batesse e ecoasse de maneira a que uma pessoa se sentisse ainda mais sozinha.

José chegou, finalmente, à escola, na Cova da Moura. Entrou na sala e cumprimentou os seus amigos um a um e sentou-se. Agora a principal tarefa era irritar a professora o mais possível e estar fora dali com o seu gangue daí a mais ou menos dez minutos.

Ele não vacilou e o plano não falhou, aliás nunca falha… Eles conseguem sempre. Eram quatro rapazes, cada um mais ordinário que o outro. E, para não variar, nesse dia, fugiram para o lado mais obscuro do bairro e foram fazer o óbvio. Porém arriscaram ainda mais, enrolaram uma das drogas mais alucinogénicas que a Cova da Moura alguma vez viu, pouco depois estavam cada um encostado para seu canto, com caras completamente desfiguradas, começara o êxtase dentro das suas mentes, a alucinação…

O José acordava para mais um dia, vestira-se, passara pela cozinha e aí começaram as mudanças... D. Alzira já não se encontrava mais sentada em frente à televisão com uma garrafa de vinho na mão, agora apenas via dezenas de garrafas vazias por toda a casa, umas no velho sofá, outras no móvel da televisão, garrafas por todo o lado... Depois de observar o horrível panorama por alguns instantes, correu a casa inteira à procura da mãe. Por último, passou pela casa de banho e constatou que ela também não se encontrava lá, à saída, reparou no seu reflexo no espelho e, espantado, apercebeu-se de que os anos passaram por ele como um atleta...

Assustado, saiu porta fora, deu-se conta de que o dia estava ainda mais cinzento que o normal, a Cova da Moura estava ainda mais triste que o normal, tudo estava pior que habitual. Já não se viam crianças a jogar à bola no meio da rua, já não se viam vizinhas a falar e a cuscar sobre a vida de tudo e de todos...

Uma suave brisa fez José deslizar o olhar por toda a rua e lá no fundo avistou alguém. Correu para junto do senhor e apercebeu-se de que era o cego lá do bairro, mas, mesmo assim não resistiu a perguntar-lhe para onde tinha ido toda a gente.

- Para onde foram não vi, mas garanto-te... garanto-te que nem este pobre bairro nem o mundo viram tanta escuridão como a que os próprios criaram! – respondeu ele.

Sinceramente não sei se alguma coisa mudou quando José recuperou, não sei se tomou conta da sua vida, se prosseguiu no caminho que ele considerou ser o melhor para a viver... Apenas sei que este foi dos únicos episódios que José guardou das suas viagens descomunais.

Alexandra Frazão, n.º1, 8.ºD



 

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