Esta semana:
Cão
Cão
Cão passageiro, cão
estrito,
cão rasteiro cor de
luva amarela,
apara-lápis,
fraldiqueiro,
cão liquefeito, cão
estafado,
cão de gravata
pendente,
cão de orelhas
engomadas,
de remexido rabo ausente,
cão ululante, cão
coruscante,
cão magro, tétrico,
maldito,
a desfazer-se num
ganido,
a refazer-se num
latido,
cão disparado: cão
aqui,
cão além, e sempre
cão.
Cão marrado, preso a
um fio de cheiro,
cão a esburgar o osso
essencial do dia a
dia,
cão estouvado de
alegria,
cão formal da poesia,
cão-soneto de ão-ão
bem martelado,
cão moído de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção,
cão pré-fabricado,
cão-espelho,
cão-cinzeiro, cão-botija,
cão de olhos que
afligem,
cão-problema…
Sai depressa, ó cão,
deste poema!
O’Neill,
Alexandre – Poesias completas.
Lisboa: Assírio & Alvim, 2000, p.157
(cota na BESC: 821.134.3-1 O’NE POE)
Entrega
o teu poema, identificado, na
Biblioteca, até ao dia 17 de fevereiro.
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