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2020-12-02

Faça lá um poema, Alexandre O'Neill

 

 


 

 

Cão

Cão passageiro, cão estrito,

cão rasteiro cor de luva amarela,

apara-lápis, fraldiqueiro,

cão liquefeito, cão estafado,

cão de gravata pendente,

cão de orelhas engomadas,

de remexido rabo ausente,

cão ululante, cão coruscante,

cão magro, tétrico, maldito,

a desfazer-se num ganido,

a refazer-se num latido,

cão disparado: cão aqui,

cão além, e sempre cão.

Cão marrado, preso a um fio de cheiro,

cão a esburgar o osso

essencial do dia a dia,

cão estouvado de alegria,

cão formal da poesia,

cão-soneto de ão-ão bem martelado,

cão moído de pancada

e condoído do dono,

cão: esfera do sono,

cão de pura invenção, cão pré-fabricado,

cão-espelho, cão-cinzeiro, cão-botija,

cão de olhos que afligem,

cão-problema…

 

Sai depressa, ó cão, deste poema!

 

O’Neill, Alexandre, – Poesias completas. Lisboa: Assírio & Alvim, 2000, p.157

(cota na BESC: 821.134.3-1 O’NE POE)

 

  O Plano Nacional de Leitura 2017-2027 (PNL2027) e os CTT - Correios de Portugal, S.A. (CTT), com intenção de incentivar o gosto pela leitura e pela escrita de poesia, celebram o Dia Mundial da Poesia,com o concurso Faça lá um poema, aberto a todos os alunos do 3.º ciclo e do secundário.

A participação é livre e individual e recebemos na biblioteca ou por mail os poemas que queiram apresentar a concurso até dia 15 de dezembro para depois selecionarmos três por ciclo e os submetermos ao concurso.

Podem ler o regulamento aqui .

Participem e leiam poesia.

2017-01-15

Faça lá um poema: Alexandre O'Neill

No seguimento da promoção do Concurso Faça lá um Poema, do Plano Nacional de Leitura, até fevereiro, apresentaremos um poema por semana, que será distribuído a quem passa pela biblioteca.
Esta semana:

                    Cão

Cão passageiro, cão estrito,
cão rasteiro cor de luva amarela,
apara-lápis, fraldiqueiro,
cão liquefeito, cão estafado,
cão de gravata pendente,
cão de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
cão ululante, cão coruscante,
cão magro, tétrico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
cão disparado: cão aqui,
cão além, e sempre cão.
Cão marrado, preso a um fio de cheiro,
cão a esburgar o osso
essencial do dia a dia,
cão estouvado de alegria,
cão formal da poesia,
cão-soneto de ão-ão bem martelado,
cão moído de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção, cão pré-fabricado,
cão-espelho, cão-cinzeiro, cão-botija,
cão de olhos que afligem,
cão-problema…

Sai depressa, ó cão, deste poema!

O’Neill, Alexandre – Poesias completas. Lisboa: Assírio & Alvim, 2000, p.157
(cota na BESC: 821.134.3-1 O’NE POE) 


 Entrega o teu poema, identificado, na Biblioteca, até ao dia 17 de fevereiro.

2011-04-07

dizer poesia: Alexandre O'Neill



Alexandre O'Neill (1924-1986) é um importante poeta surrealista, cuja obra pode ser lida e/ou requisitada na nossa biblioteca.
A RTP2 está a emitir o programa Um Poema por Semana, que consta de um «poema dito de segunda a sexta-feira por 5 pessoas. Uma à segunda, outra à terça, outra à quarta, outra à quinta e outra à sexta. O mesmo poema! Será emitido diariamente, com duas repetições por dia». O modo como são ditos varia muito e vale a pena conhecer as diferentes versões aqui .
Por cá, apresenta-se a versão preferida.