Lisboa, em 1384, cercada pelos castelhanos, padece de
grande carência de alimentos que a poderiam conduzir à derrota. Dessa fome, «das tribulações que Lisboa padecia per
mingua de mantimento», dá Fernão Lopes notícia na Crónica de Dom João I.
Mas, quando tudo parecia estar perdido, é a epidemia que grassa junto das tropas sitiantes castelhanas (as de terra, no «arraial» e as dos navios no rio) que salva o Mestre de Avis e a cidade de Lisboa:
«Não curando agora de falar
das coisas que aos da cidade no cerco aconteceram, principiou a triste morte de
mostrar a sua sanha mais asperamente contra os do arraial, e igualmente contra
os da frota, e matou não somente escudeiros e fidalgos, e dos outros de pequena
condição tantos que era estranha coisa de ver, como ainda começou a encetar nos
senhores de grande estado, de guisa que pôs grande espanto em todos.
Os castelhanos, vendo-se
assim afincados pela pestilência que cada vez mais se ateava neles, bem
entenderam que a sua estada não podia aí ser por muito tempo, e que teriam por
força de descercar a cidade e de se partir dali cedo».
Fernão Lopes, Crónica de Dom João I,
(consultado em 03.04.2020)
Sem comentários:
Enviar um comentário