2020-12-02

Faça lá um poema, Sophia

 

 

 


 

                                             A ESCRITA

 

No Palácio Mocenigo onde viveu sozinho

Lord Byron usava as grandes salas

Para ver a solidão espelho por espelho

E a beleza das portas quando ninguém passava

 

Escutava os rumores marinhos do silêncio

E o eco perdido de passos num corredor longínquo

Amava o liso brilhar do chão polido

E os tectos altos onde se enrolam as sombras

E embora se sentasse numa só cadeira

Gostava de olhar vazias as cadeiras

 

Sem dúvida ninguém precisa de tanto espaço vital

Mas a escrita exige solidões e desertos

E coisas que se vêem como quem vê outra coisa

 

Pudemos imaginá-lo sentado à sua mesa

Imaginar o alto pescoço espesso

A camisa aberta e branca

O branco do papel as aranhas da escrita

E a luz da vela – como em certos quadros  

Tornando tudo atento

 

Andresen, Sophia de Mello Breyner  Obra poética. Ilhas. Lisboa: Caminho, 2004, p.54

(cota na BESC: 821.134.3-1 AND ILH)

 

  O Plano Nacional de Leitura 2017-2027 (PNL2027) e os CTT - Correios de Portugal, S.A. (CTT), com intenção de incentivar o gosto pela leitura e pela escrita de poesia, celebram o Dia Mundial da Poesia,com o concurso Faça lá um poema, aberto a todos os alunos do 3.º ciclo e do secundário.

A participação é livre e individual e recebemos na biblioteca ou por mail os poemas que queiram apresentar a concurso até dia 15 de dezembro para depois selecionarmos três por ciclo e os submetermos ao concurso.

Podem ler o regulamento aqui .

Participem e leiam poesia.

 

 

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